Melhoria do contexto social, econômico e ambiental da poluição do semiárido através do tratamento e reaproveitamento de águas residuais

Muitos estudos relatam a problemática da escassez hídrica no semiárido. Além das irregularidades das chuvas, outros fatores também acentuam a escassez desse recurso natural. Entre estes, destaca-se a falta de tratamento para águas residuais, que na região semiárida corresponde a cerca de 80%. Diante desse cenário, as populações residentes no semiárido estão sujeitas a uma série de problemas de ordem social e econômica. Em um contexto de disponibilidade de água potável limitada, práticas agrícolas muitas vezes se tornam inviáveis. A utilização de águas residuais tratadas em atividades como o cultivo hidropônico, irrigação de safras e piscicultura, pode ser uma alternativa viável no semiárido. Isso foi mostrado por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa-MG (Marangon et al., 2020). No estudo, os autores utilizam uma análise de multicritério (ex: eficiência de remoção de nutrientes e patógenos, custos de implantação, demanda energética e simplicidade) para definir o tratamento (biológico e pós-tratamento) para águas residuais municipais. No tratamento biológico, através de digestão anaeróbica foi obtido como produto o biogás (pode ser uma fonte alternativa de energia elétrica) e lodo (pode ser utilizado como biofertilizador).

Dois outros tratamentos foram utilizados posteriormente (High-rate Pond ou Constructed Wetland). Após os dois últimos tratamentos, é obtido biomassa que serve de alimento para peixes (ex: tilápia) e águas residuais tratada, que pode ser utilizada em atividades agrícolas. O processo de tratamento de água utilizado foi sustentável, uma vez que o biogás serve como fonte de energia para o sistema de tratamento e os produtos obtidos são utilizados em múltiplas atividades (ex: psicultura e irrigação). As atividades desenvolvidas com a água tratada auxiliam como uma fonte de subsistência para a comunidade local e a obtenção de uma fonte de renda. Além de melhorar a qualidade de vida da população, a gestão sustentável de resíduos hídricos reduz a exposição da população a patógenos e também auxilia na preservação do solo e de recursos hídricos, uma vez que grande parte das águas residuais tem como destino final corpos d’agua locais.

Fonte: Marangon, Bianca Barros, et al. “Reuse of treated municipal wastewater in productive activities in Brazil’s semi-arid regions.” Journal of Water Process Engineering 37 (2020): 101483.

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